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quarta-feira, 22 de outubro de 2025

A pose e a posteridade


 

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Pinto Balsemão, o tubarão da massa falida da comunicação social lusitana, bateu a caçuleta. O país reaccionário não sabe o que dizer. Quando não se sabe o que dizer diz-se qualquer coisa, mas o tom geral é o convenientemente amnésico, automático e prosternado. A imprensa também passa o pano e diz o que lhe vem á cabeça: “Balsemão (1937-2025), moderno e liberal com pose de príncipe” proclama o Público, em obituário.

Portugal nunca o esquecerá disse Marcelo.

Carlos Moedas enalteceu a coragem de Pinto Balsemão e a sua "energia muito única", além da "capacidade de comunicação absolutamente extraordinária" e o facto de ser um homem "moderno".

O Cavaco também lamentou a morte do magnata, recordando que a condecoração da Grã-Cruz da Ordem da Liberdade que lhe concedeu foi a expressão máxima de gratidão pelo seu contributo ao país.

O pequeno Marques Mendes suspendeu a campanha.

Miguel Albuquerque, presidente do Governo da Madeira, lembrou Balsemão como um "grande português" que "vai fazer muita falta". Na memória, Albuquerque leva os encontros onde os dois tocavam juntos - Balsemão na bateria, Albuquerque no piano - e a última conversa que teve com o antigo primeiro-ministro sobre os desafios colocados pela Inteligência Artificial. "Era um visionário", rematou.

Rangel, o anão das Nece(ssi)dades, disse que “Estar com Francisco Pinto Balsemão era respirar liberdade em todos os minutos e em todos os momentos em que ele não renunciava a acender o seu cigarro. Também nisso era um homem livre e um homem independente".

Andrézito, o fascista do partido Chega mandou “um abraço solidário à família e aos amigos, reconhecendo também o legado marcante que deixou no nosso país e na construção de novas formas de comunicar em democracia", disse ele em publicação na rede social X.

A Associação Portuguesa de Imprensa (API) lembrou que enquanto profissional e dirigente político, Pinto Balsemão foi um defensor da liberdade de imprensa e da autonomia dos jornalistas, valores que sempre considerou pilares fundamentais da democracia.”

Finalmente o PS, em nota de pesar enviada à Agência Lusa, enfatizou que "Balsemão deixa um legado de independência, sentido de serviço público e defesa intransigente da liberdade de imprensa" e que "Soube sempre honrar o valor do debate democrático e da convivência entre diferenças, princípios fundamentais da vida democrática que partilhou com o Partido Socialista nas grandes etapas da construção de Portugal livre e europeu".

Um vulto.Um príncipe. Em 2011 fiz-lhe este retrato - em efígie e em poucos traços, que agora reedito sem sequer considerar retocar; tal como a ficha, ou verbete, em quatro parágrafos, que podeis ler se vos derdes ao trabalho de seguir o link.

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sábado, 18 de outubro de 2025

Retrato do salazarinho careca

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O ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho avisou esta quinta-feira, 16 de outubro, que, se tudo se mantiver como está na imigração, os portugueses se sentirão estrangeiros "na sua própria terra". Esta é uma notícia da Lusa/DN. Reparem no sibilino tom profético do aviso. Isto não é uma notícia. É um ditado. Uma declaração. Todo um programa.

O salazarinho careca foi lançar o livro “Introdução ao Liberalismo” do atroz Miguel Morgado e fez-se porta-voz de todo um sentimento cheio de brio patrióticó-nacionalista: o medo-do-escuro aos saltos. Ai meudeus qu'a santa pátria está em perigo, ai jesusmariajosé, qu'eles andem aí – disse ele, nas suas botas de elástico – e a agência Lusa proclamou.

É assim: os descendentes do nobre povo e da nação valente que por mares nunca dantes navegados foram à India, à Taprobana, à nascente do Amazonas, à Terra Nova, à Conchinchina, ao Japão, aos confins da África e à puta que os pariu sem que jamais alguém os tivesse lá chamado, estão agora muito perturbados com o refluxo da globalização – perdão, com o fenómeno da imigração.

O nobre povo que deu mundos ao mundo, sente-se de repente “estrangeiro na sua própria terra”. Está borrado de medo do regresso dos que não foram – e dos seus sinais entranhados na branquitude da nação valente.

O salazarinho escalvado vai fazendo o seu caminho de provedor deste pavor da cor morena, da vogal aberta, da áfrica preta, do samba do morro, da curcuma e do déndém, do lundum, do caril e da canela, do carnaval, do pau de cabinda e do islão, do sarapatel, da capoeira, do calúlú, do mingau e da chamuça, do candomblé, do cuscuz e do funáná, de Shiva, Vishnu e dos outros deuses todos do industão, da caipirinha, da capulana, do feijão congo e da farofa, da kizomba, da catxupa, do gindungo, da muamba, do mufete e do kuduru, do kebab, do quiabo e do churrasco à cafreal, eu sei lá.

Já se ouve a nação valente a marchar contra a burqa e os canhões, toda arrepiadinha e ululante como quando vai à bola; em fundo a bandeira da república esvoaçante com os seus simbolozinhos medievais. Ditosa pátria que tão valentes filhos da puta dá.

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quinta-feira, 9 de outubro de 2025

sábado, 4 de outubro de 2025

Alevanta-te e diz qualquer coisa, Vasquinho.


 

O coronel Vasco Lourenço considera que “a esquerda deve adoptar uma estratégia de unidade”, por isso apoia António José Seguro e pede a António Filipe que desista.

Depois da sentença do caso dos Anjos qualquer bardamijo acha que pode dizer qualquer merda porque aos humoristas ninguém os leva presos. Não é certamente o caso do coronel Vasco Lourenço. Mas meter “António José Seguro” e “esquerda” na mesma frase é de génio - não lembrava ao diabo. Taquepariu. Há muito que não me ria tanto.

domingo, 21 de setembro de 2025

em cartaz


 

HOJE, DIA 21 DE SETEMBRO, DIA INTERNACIONAL DA PAZ, o EnCAntar pela Paz TEM A HONRA DE APRESENTAR, PELA PRIMEIRA VEZ NA FIGUEIRA DA FOZ, O FILME “NO OTHER LAND”, PREMIADO EM 2025 COM O OSCAR DO MELHOR DOCUMENTÁRIO DE LONGA METRAGEM.

ÀS 21.30H, NO AUDITÓRIO MADALENA BISCAIA PERDIGÃO

Como Abertura desta sessão dedicada à evocação do DIA INTERNACIONAL DA PAZ, o actor Vitor Filipe irá interpretar, com acompanhamento musical de Pedro Abreu e videográfico de David Fadul, o poema dramático “A Gota de Mel”, de Léon Chancerel; um libelo pela paz que foi estreado em Portugal por António Pedro no TEP em 1959 e proibido pela censura.

No Other Land é um filme documentário palestino-norueguês realizado em 2024 por Basel Adra, Hamdan Ballal, Yuval Abraham e Rachel Szor, um colectivo israelo-palestiniano que trata da ocupação israelita na Cisjordânia, território palestiniano, e das destruições de propriedades palestinianas por Israel. O filme foi concebido um acto de resistência durante a guerra em Gaza, começada em 2023.

Teve estreia mundial em 2024, no 74º Festival de Cinema de Berlim, onde mereceu o Prémio Panorama, o galardão do público para o melhor documentário. Em 2025 também mereceu o Oscar do Melhor Documentário mas não a distribuição em salas nos Estados Unidos. Tal como em Israel. Esta é a primeira vez que é exibido na Figueira da Foz.

Após a exibição do filme, a noite culminará com uma acção performativa a partir do poema “Mais guerras, não” de Alberto Uva, pelo Colectivo Poético d’ODezanovedeJunho.

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